terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cheiro do Mêdo

Hj, ao invés de escrever a respeito da minha vida, vou deliciar-lhes com uma histórinha. E, como dizem, os personagens desta história são apenas ficção. Não tem representação na vida real.

Espero que gostem.

Abs.

That's all folks!!!!!

Era uma vez um reino muito, muito distante, chamado SPELALTE.

Esse reino era tão distante, mas tão distante que a Terra Média era ali na esquina, de “tão perto”.

Esse reino era governado por um rei com um nome estranho, um nome dados a ele pelos deuses, um nome diferente, chamado Chlaguryie I.

Esse soberano era nascido nos rincões do reino, num povoado chamado de Pequeno Vil Metal. Era um bom governante, pena que não sabia escolher quem lhe acompanhava.

Havia o povo do reino, que se virava do jeito que podia. Para receber umas patacas a mais, tinham que viajar constantemente. Evidentemente, alguns viajavam mais que os outros. Não porque queriam, mas porque precisavam. Mas, essa é outra história e fica para outro capítulo.

O que vou tratar neste capítulo é a figura do GRÃO-VIZIR.

Grão-Vizir Dho’Bhotox. Esse era o nome dele. A simples menção desse nome causava arrepios no povo. Causava calafrios pela sua crueldade, pela sua venialidade, pelo seu desprezo para com o povo desse reino. A grande maioria do povo não gostava dele, mas tinha que aceitar para não sofrer graves conseqüências. E, a recíproca era verdadeira.

ELE NÃO GOSTAVA DO POVO. TINHA A IDÉIA FIXA DE QUE SÃO TODOS VAGABUNDOS E QUE NINGUÉM TRABALHAVA. APENAS ELE!!!

Apenas um seleto grupo de trintanários o admirava. Também, o Grão-Vizir Dho’Bhotox os nomeava nos melhores postos do reino. E só a eles dava-lhes um pouco de sua breve atenção. E somente ao Grão-Vizir Dho’Bhotox esses altos funcionários do reino davam satisfação.

Pobre Monarca Chlaguryie I!!!!!!!

Refém em seu próprio reino. Indefeso. Cercado. Isolado na imensidão do Palácio Real. Com apenas a companhia da sua cachorrinha MaNus.

Por que tive que discorrer sobre o reino e seus habitantes até agora. Para poderem entender o que se segue. Quase um preâmbulo.

Certa feita, eu tive que percorrer um trecho da estrada real ao lado do Grão-Vizir Dho’Bhotox. Não porque quisesse, mas por casualidade. Afinal, o Grão-Vizir Dho’Bhotox vive se escondendo e se esquivando do povo.

Foi uma experiência nada agradável. Mas foi também uma experiência engrandecedora. Vi e descobri atitudes que me abriram os ohos e a “visão” a respeito do caráter e do comportamento do Grão-Vizir Dho’Bhotox. Acabei, sem querer, desmistificando sua figura nefasta. Acabei, por assim dizer, PERDENDO O MEDO. E o melhor sentimento que podemos ter é de liberdade. Liberto do medo. Liberto dos grilhões de um sentimento impuro.

Mas, voltando:

Compartilhamos uma parte do caminho e ele me cobrando a respeito de uma incumbência que ele havia me passado. Eu lhe expliquei que faria o trabalho e ele ficou nervoso, retrucando:

“Isso vai dar problemas para o Rei, faça logo!!!!!!”.

Entendi a mensagem e notava que o Grão-Vizir Dho’Bhotox ficava impaciente e nervoso. Não entendi nada até aquele ponto da estrada.

Só ficou claro para mim quando cruzamos com dois plebeus passaram a nos acompanhar, afinal, íamos até o mesmo lugar. Aí, o Grão-Vizir Dho’Bhotox se transformou!. Começou a suar frio e a ficar mais nervoso, esperando seu anjo salvador chegar logo. E nada do seu anjo salvador chegar. Conforme o tempo ia discorrendo, ele ficava mais e mais incomodado. Aí, percebi o que se passava. O Grão-Vizir Dho’Bhotox não queria ter contato com a plebe rude. Nem olhava para eles, com MEDO, PAURA. Senti no ar o cheiro do seu medo. Medo dos pedidos que poderiam ser feitos a ele pela plebe rude. Medo de ser incomodado. Medo das cobranças. Medo de ter que se relacionar com elas.

E nada do anjo salvador chegar!!!!!!!

Quando a situação parecia que iria chegar a um ponto crítico, eis que a sorte sorri ao Grão-Vizir Dho’Bhotox. Os plebeus pediram desculpas por acompanhá-lo (que ironia!!!!!) e separaram-se de nós. Como sou educado, me despedi deles, afinal, poder ser plebeus, mas são SERES HUMANOS. Idéia inconcebível para o Grão-Vizir Dho’Bhotox. Afinal, para ele, o povo só serve para ser mandado e dirigido como gado.

No exato instante em que parecia que o Grão-Vizir Dho’Bhotox iria ter um ataque do coração, adentra a estrada real, V’Diz, seu anjo salvador. Aí, e somente aí, ele se acalma e respira fundo, pensando: “Tenho um anteparo, um escudo. Tô salvo!!!”.

Esperei até o Grão-Vizir Dho’Bhotox e V’Diz entrarem na carruagem e me pus a pensar, olhando a carruagem sair desembestada em direção ao horizonte.

Que ser mais vil e baixo, cruel e desumano, pode se esconder atrás de um anjo para se proteger? Que ser mais vil e baixo, cruel e desumano pode ficar com receio da plebe rude? Que ser mais vil e baixo, cruel e desumano pode se achar acima do Bem e do Mal (Friedrich Nietzsche).

Nessa curta caminhada ao lado do Grão-Vizir Dho’Bhotox, pude aprender o que não poderia em décadas de convivência. Aprendi a não ter medo dele. Aprendi a ter PENA. Apenas esse sentimento expressa o que sinto dele. PENA. Um “ser” que tem medo de tudo e de todos. Que tem medo de desaparecer. De se envolver. De morrer. De viver. A dicotomia da vida.

Hoje, os olhos de minh’alma foram abertos e escancarados. Não mais vou ter medo dele. Cada vez que olhar para ele, vou sentir pena. Cada vez que olhar para ele vou sentir o seu.....

CHEIRO DO PAVOR.

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